sexta-feira, 19 de março de 2010

Apostasia

A vinda do anti-cristo será antecedida pela apostasia.
Que apostasia será essa? Muitos afirmam ser o deixar a fé por parte de pessoas que antes viviam nela. Isso talvez seja o resultado da apostasia. A apostasia que creio e vejo já acontecendo é a apostasia da igreja pela segunda vez. Enquanto há uma profecia bíblica que a gloria da segunda casa será maior do que a primeira, se cumpre antes a profecia maligna de que a apostasia da segunda casa será bem maior do que a da primeira.
A igreja cristã experimentou um tempo de escuridão que foi uma verdadeira apostasia. Indulgências foram instituídas para financiar a ganância dos lideres, financiar o luxo e a luxúria, guerras que foram feitas em nome de Deus. O povo pela ignorância mantida pelos lideres, ficou aprisionado em uma fé dependente de rituais para o perdão e conseqüente salvação. Dependentes de uma religião vazia sem comunhão com Deus.
A igreja apóstata daqueles dias liderava pelo medo e pela opressão. Deus era apresentado como um ser cruel e ambicioso que estava pronto a matar e lançar no inferno quem não lhe desse alguns trocados. Era como um deus de barganhas, ou seja, caso algum dinheiro entrasse nos cofres da igreja, ele tiraria do purgatório ou do inferno aquele que ofertara ou por quem fora dada a oferta. Foi uma época desastrosa, uma manipulação ambiciosa sem misericórdia, simplesmente pelos interesses de uma igreja falida dirigida por líderes falidos espiritualmente.
Hoje alguns séculos depois a segunda casa, agora chamada de "igreja evangélica" experimenta sua apostasia. Ela se a afasta cada vez mais do evangelho. Nesta, a graça é substituída pela nova lei. O sacrifico de Jesus é considerado imperfeito já que as demandas da nossa era “pos-lá-o-que” exige rituais para ajudar o “coitado jesus” que morreu sem contudo conseguir cumprir o que prometera. Novas indulgências são instituídas e novas guerras estão sendo travadas. Não mais com espadas, carros e cavalos, mas com visões, metodologias, disputas pelo mercado de gente, pelas megalomanias dos novos “papas”, agora evangélicos.
Será que oferecer rosas ungidas, óleos que resolvem qualquer problema não são indulgências do nosso século? Será que ensinar que ofertas, quando entregues nas igrejas, obrigam Deus a nos tornar ricos não são novas indulgências? Será que oferecer a solução de grandes problemas da vida simplesmente tornando-se contribuinte através de um carnê, não ressuscita as antigas indulgências? Quando tudo que fazemos vira um meio de arrecadação, não transformamos o ministério em um grande mercado de indulgências? Não é isso apostasia?
Dízimos e ofertas, que deveriam ser expressões de fidelidade, amor e gratidão, tornaram-se um meio para manipulação e controle. Uma doença pode ser resolvida com um copo d’água. Um mal qualquer pode ser atribuído a um encosto para exorcistas de plantão resolver. A dor passa a ser necessariamente uma obra de demônios enquanto que o prazer sempre será algo vindo de Deus. A miséria pode ser resolvida com uma oferta. A riqueza pode chegar através de gordas dádivas. O pedir um simples carnê já torna uma pessoa mais que vencedor. Não será isso apostasia? Aposto que sim!
No tempo de Lutero, o papa detinha a revelação bíblica, isto é, ninguém podia interpretar a Bíblia. Isso se mostrou um eficiente instrumento de controle e manipulação das massas ignorantes e amedrontadas, pois permitia ao clérico liderar por ameaças. Se não andassem dentro dos limites e regras estabelecidos seriam julgados, excomungados e até condenados à morte.
É muito diferente hoje? Não fazemos hoje coisas similares mesmo com a Bíblia disponível a todos? A resposta é sim. Ainda vemos muitos, chamados líderes, impondo suas idéias como se fossem bíblicas, interpretando a palavra de Deus segundo as suas próprias conveniências. Líderes que ameaçam membros com maldições argumentando serem autoridades espirituais. Impondo medo, aprisionam irmãos em seus rebanhos, obrigando-os, pela manipulação da suposta posição de cobertura espiritual, a cumprirem seus desejos mais toscos e contrários ao ensino do Senhor.
Estamos muito parecidos! É verdade que ainda não chegamos às raias de voltar a vender a salvação ou condenar irmãos à morte, mas trocamos ofertas por curas, bênçãos e orações. Pode ser um grande passo para superarmos o tempo das chamadas "eras escuras da igreja".
A apostasia não é um simples abandono da fé pelo individuo, mas é o desvio daquilo que hoje se chama igreja. É o seu desvio institucional, a institucionalização da fé, sua rotinização e sistematização. Isso é profético para que se cumpra a supremacia do organismo sobre a instituição, para que a verdadeira igreja se manifeste e não a ultima moda eclesiástica que se apresenta como quem vai implantar o “governo” de Jesus como a que vai “sarar” a nação, como a que vai transformar o país em uma nação “evangélica”. Deus nos guarde disso!
O que queremos ser é uma nação cujo Deus é o Senhor, uma nação que fez de Jesus o seu mestre. Queremos ser somente discípulos de Cristo e viver como Ele viveu. Queremos que a igreja seja apenas coluna e baluarte da verdade sem que tenha a função de dar solução para os diversos problemas da vida, sejam aqueles relativos à dor ou ao prazer. Nem o próprio Jesus se apresentou como o solucionador de todas as dificuldades, ele disse que o mundo nos daria muitas aflições. A lição é clara: aflições fazem parte da vida, mesmo daqueles que não querem que seja assim. A igreja deve ser o sustentáculo da verdade de Deus no mundo, nada mais, nada menos.
Então que venha esta apostasia, pois assim será revelado o anticristo, mas, sobretudo, serão revelados os pequenos cristos na terra e por fim virá o Cristo com poder e grande glória para buscar a sua única e verdadeira igreja que nunca apostatou, que é constituída de gente que creu na sua vida, na sua morte, na sua ressurreição e na sua vinda.

Maranata! Que venha Jesus!

Tomaz de Aquino