quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Minha resposta sobre cantores gospel na Som Livre


O que penso sobre a entrada de cantores evangélicos na Som Livre?
Poderia dizer que é uma bênção, a final de contas, como raciocina a maioria dos crentes, “a palavra de Deus está sendo semeada”. Mas será que isso é semear a palavra de Deus? Ou é apenas lançar mais um nicho de mercado na competição fonográfica brasileira? O fato de Deus usar até uma jumenta não justifica fazer dela uma missionária.
Eu poderia dar como resposta que é apenas mercado da música, mas a tornaria muito simplista e reducionista.
Minha resposta poderia também ser que a entrada de cantores gospel na Som Livre é uma armadilha, pois de fato é, pois nem todos que ali entraram ou entrarão sabem ou saberão lidar com a visibilidade e a fama que a Globo produz.
Portanto minha resposta une duas outras opções, ou seja, ser apenas mercado com ser uma armadilha o que resulta em algo muito ruim a médio e longo prazo.
A 23 anos atrás vi acontecer algo muito parecido. No auge do movimento das comunidades evangélicas ouvi a igreja profetizar muitas coisas que por si só não tinham erro algum. Profetizaram a tomada do monte da política (como assim era profetizado). Tomamos! Hoje temos frente evangélica parlamentar, temos políticos em todos os estados que confessam serem evangélicos. O que mudou? Mudou que já presenciamos escândalos em nome de evangélicos envolvidos na política e, quem deveria servir aos interesses do outro conforme o evangelho passou de modo comum aos demais, a buscar os seus próprios interesses. O nosso congresso nacional com esses novos políticos, não sofreu qualquer impacto que representasse alguma mudança em nossa nação assim como as câmaras de deputados e vereadores dos estados e municípios.
Foi profetizado também que haveria canais de tvs abertas com vários programas evangélicos e que algumas televisões seriam propriedades da igreja. Conseguimos! Mas o que vemos é uma TV dita como evangélica sem nenhum compromisso com o evangelho de Jesus a não ser com o seu próprio evangelho, assim como muitos programas que contribuem para, ou manipular pessoas ou para gerar uma grande rejeição ao evangelho.
O que aconteceu é que a principio a coisa começou romântica, com idealismo, com propósito, mas à proporção que o tempo passou novas possibilidades foram surgindo, fama, poder, conquistas pessoais foram se transformando em vontade de Deus e deu no que deu.
Hoje estamos dizendo basicamente a mesma coisa ao ver a musica gospel se tornar um novo nicho de mercado para a fonografia da Som Livre. O argumento usado é o mesmo: “Deus está abrindo as portas, a adoração está entrando onde nunca havia entrado. A mídia está se curvando à igreja evangélica”.
Tudo isso a principio pode trazer algum benefício, mas a médio e longo prazo a visibilidade que a Globo dá ao cantor é infinitamente maior do que tudo que antes porventura haviam conquistado. Fama, poder, dinheiro tem poder de corromper mais do que podemos mensurar e nem todos tem um caráter formado a ponto de suportar todas as duras investidas sobre si.
A Som Livre assim como qualquer gravadora é uma fábrica de ícones, ídolos e no caso especifico quando você os adora a Som Livre toca, e assim continua a promoção de novos ídolos o que desvia a adoração do foco que é Deus.
Deus não busca cantores, mas sim adoradores e isso a Som Livre não pode produzir. Deus não está limitado a ponto de lançar mão de instrumentos desse tipo.
Creio sim e com preocupação que a entrada dos cantores e músicos evangélicos na Som Livre é muito ruim a médio e longo prazo.
Que Deus tenha misericórdia e nos faça retornar à simplicidade da adoração a fim que não se repita o que antes já aconteceu, ou seja, “pela abundancia do teu comercio caíste”.

Tomaz de Aquino

São Luis, 21 dezembro 2011