quarta-feira, 23 de junho de 2010

Deus existe mesmo?


Todos os dias estamos assistindo tragédias e mais tragédias que hoje já aconteceram em todos os continentes. São, além das já costumeiras cenas de crimes hediondos, prisões de figurões, corrupção, tráficos e outros crimes, os gritos da natureza através de terremotos, maremotos, furacões, deslizamento de morros, enchentes, chuvas além da medida corrente.

Nestes últimos dias alguns municípios dos estados de Alagoas e Pernambuco foram arrasados pela enchente dos rios que correm nestas localidades. São cenas chocantes. Uma senhora entrevistada disse: “Nossa cidade se acabou, perdemos tudo, nossos sonhos, nossa casa, o futuro de nossos filhos”.

Um homem na cidade de Barreiras em Alagoas onde se deu uma das maiores destruições disse que não acredita que havia Deus nessa terra, mas ao sobreviver diante da tragédia que assolou sua cidade, acreditando que foi uma intervenção sobrenatural, afirmou: “agora eu creio que existe Deus na terra”.

A minha mente se encheu de perguntas: Será que para crermos em Deus precisamos experimentar dores, perdas ou tragédias? Será que precisamos presenciar alguma ação que admitimos ser sobrenatural para afirmar a existência de Deus?

Quando olhamos para o mundo em que vivemos e buscamos a firmação da existência de Deus além das que Ele mesmo deixou, ou seja, a natureza, o firmamento, os animais, as árvores e, sobretudo o ser humano feito como Ele mesmo é, não teremos muitas respostas satisfatórias.

Quando vemos todos os dias tragédias, desastres ecológicos, injustiças, terremotos, enchentes, vulcões praticamente extintos entrando em erupção, e por acreditar que se Deus fosse Deus mesmo Ele teria a obrigação de interferir nesse curso desordenado da natureza, só resta dizer Deus não existe.

Poder afirmar a existência de Deus somente depois de enfrentar grandes perdas e dores ou presenciar de alguma forma um livramento sobrenatural, um milagre não será uma tentativa de enquadrá-lo em um sistema de intervenções que provam ou não a sua existência?

Muitos céticos de séculos passados já quiseram de muitas formas negar a existência de Deus por não saber explicá-lo. Negavam a existência de Deus imaginando-o um ser superior ao homem muitas vezes mais, contudo sendo finito o suficiente para poder a mente humana explicá-lo.

Mas como explicar Deus? A mente humana não consegue mensurá-lo!
Deus é Deus e não precisa provar nada pra nada afirmar a sua existência. Deus é Deus intervindo ou não na vida humana ou na natureza. Ele mesmo disse: “Eu sou”.

A inexistência de Deus só cabe na mente daqueles que querem entender tudo, explicar tudo, dar uma razão para tudo que acontece nesse mundo, seja com os homens seja com a natureza.
Deus não é um homem superior aos homens. Portanto nenhuma referência pode ser tomada dos homens para tentar explicá-lo. A justiça dele não tem precedente nem na mente dos mais espirituais. A Sua justiça perdoa Manassés que queimou filhos em sacrifício, mas exige de Oséias que case com uma prostituta para ser uma espécie de analogia do seu amor a Israel. A justiça dele fere a si mesmo exigindo a morte do seu filho para não ferir de morte eterna os demais filhos criados por ele, os seres humanos.

Fomos feitos para duvidar de nós mesmos e não de Deus. Se lá no Éden os nossos pais tivessem duvidado deles mesmos, não teriam duvidado de Deus que disse que se comessem daquele fruto morreriam.

Deus existe mesmo que não o entenda, mesmo que ele não aja como desejo, mesmo que o mundo, a natureza e o homem fiquem fora do controle. Não há como sonda a mente de Deus, somente o Espírito de Deus pode esquadrinhá-la.

O escrito C.K.Chesterton já em 1908 disse: “Aceitar tudo é um exercício, entender tudo é uma tentação. O poeta apenas pede para pôr a sua cabeça nos céus. O lógico é que procura pôr os céus dentro de sua cabeça. E é a cabeça que estilhaça”.

Concluo com uma pequena paráfrase do profeta Habacuque: “Ainda que nada dê certo em minha vida, seja com os negócios ou mesmo com a família, eu continuarei crendo em Deus e me alegrando com Ele por causa da minha salvação, pois Deus é a minha força e não me permite ser inferior aos meus próprios dramas e problemas”


Tomaz de Aquino

São Luis, 23/junho/10

Casa do Senhor

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Por que os religiosos desejaram matar Jesus?

Um homem que fazia somente o bem não poderia ser alvo da morte? No entanto, foi isto que aconteceu com Jesus.
Jesus só fazia o bem. Curava os enfermos, libertava as pessoas de espíritos malignos. Sua mensagem trazia esperança a todos. Vivia boas obras!
Por que então os sacerdotes e outros religiosos desejaram matá-lo? Eles não tinham motivos justificáveis! Jesus não fundou nenhuma religião, não abriu nenhuma sinagoga própria, nem mesmo alugou um salão para suas reuniões, ou seja, não lhes oferecia alguma ameaça.

Será que não?
Os sacerdotes eram limitados não ação da religião. Viviam uma religião fria, inflexível, ritualista e, sobretudo, controladora. Mantinham o povo na dependência direta deles. Eles eram a “ligação” do povo a Deus, a possibilidade de receberem o perdão do Senhor.
Porém, Jesus viveu uma vida de elevado padrão espiritual e era admirado por todos. Pelos milagres que realizava diariamente as multidões que o seguia. Qualquer casa que Jesus entrava, estava sempre cheia (Marcos. 1: 33; 2:1; 3: 20). Jesus se apresentava como o caminho para chegar a Deus, intitulava-se como filho de Deus e algumas vezes como igual a Deus. Tudo isso era muito ameaçador! Este homem tinha que ser morto, assim pensava os religiosos.

Então decidiram matar Jesus!
Tomaram esta decisão porque consideravam Jesus uma ameaça para a posição deles, para o prestígio deles diante do povo e de Roma (João 11:48). Quando perceberam que o povo já não os buscava mais, cresceu a inveja. Seus corações diziam: “Há anos servindo a este povo e agora eles nos rejeitam por um filho de um carpinteiro? Não podemos deixá-lo crescer mais. É necessário tirá-lo do nosso caminho. Nosso prestígio está abalado, nosso sustento também. Logo esse povo não nos trará mais os dízimos. Como nos sustentaremos? De que viveremos?” A religião institucionalizada gritava por manter o seu status quo.

Muitos nos nossos dias repetem essa mesma estratégia.
Uns pelo mesmo desejo de manter o status quo, matam Jesus no evangelho e produzem um novo evangelho que aparentemente traz uma boa notícia. No entanto é algo a princípio é algo bom, mas que o fim dele é a morte.
Outros pelo mesmo desejo, ao verem surgir um novo ministério que de alguma forma ameaça o seu, então disparam a ordem interna: “vamos matá-lo”. Começa então o plano de morte: mentiras, calúnias, difamações, maldições. Não podem saber do sucesso de alguém que logo pensa que será ofuscado. O resultado interior: ”Vamos matá-lo”.
Gente assim tem a mente da escassez, com o seguinte pensamento: tenho o suficiente para mim mesmo. Caso abra alguma outra igreja pensam que vão perder seus membros, sua renda, seu prestígio. Então logo surge a decisão: “vamos matá-lo”.

Assim reeditamos os escribas, fariseus e sacerdotes da época de Jesus.
Estes são homens que, como aqueles, se tornam perseguidores e assassinos dos cristos de Deus nos dias de hoje. Suas principais marcas são: não reconhecem os seus limites, tem um sentimento messiânico, julgam ser a única ou a última revelação de Deus na terra. Por se acharem o máximo, imaginam que nunca virá alguém melhor ou maior. Porém, quando olham surgir alguém que na simplicidade prega apenas o evangelho que liberta o povo sem controles e manipulações, e que por essa mensagem atrai multidões, a inveja faz nascer um novo perseguidor, um velho fariseu.

Para não reeditarmos estes famigerados fariseus, escribas e sacerdotes, é necessário reconhecer tanto que, não há evangelho de verdade sem Jesus, que posição e reconhecimento diante dos homens não configura posição e reconhecimento diante de Deus, assim como esse mesmo Jesus está sempre chamando novos ministros que estejam dispostos a abdicar do status quo para simplesmente, ainda que na perseguição, pregar o evangelho da graça de Deus para romper as cadeias da manipulação e do controle exercidos pela religião institucionalizada.

Jesus não pode morrer novamente, mas podemos fazer da fé em Jesus um sistema frio e religioso assim, como podemos ser perseguidores dos novos cristos de Deus na terra. Podemos como novos fariseus, saduceus, escribas e sacerdotes matarmos profetas e adornarmos seus túmulos.

Que Deus nos livre disso!

Tomaz de Aquino

São Luis, 01 Junho 2010

Comunidade Casa do Senhor