quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Soberania de Deus



“Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra” (Salmos 99:1). “O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração. Aleluia!” (Salmo 146:10).

Deus é soberano. Essa é uma verdade imutável. Ele reina, está sentado no trono e não abdicou da sua posição por nada e nem por ninguém. No entanto dizer que Deus é soberano é o mesmo que dizer que Ele está no controle de todas as coisas? Pode ser que sim ou pode ser que não, dependendo do que cada um chama de “estar no controle”.
Se está no controle implica que Ele se tornou um xerife do universo em busca de todas as possibilidades de acontecimentos que não condizem com sua vontade para impedir, então Ele não está no controle. Se Implica em dizer que Ele nos defende de todas as tragédias da vida, que evita todas as dores, que resolve todas as nossas crises, então, Ele não está no controle.

O Deus que está no controle, segundo essa perspectiva, foi transformado no deus que encontra espaço no estacionamento, faz nossa fila andar mais rápido, coloca nosso processo à frente dos outros, evita a tragédia nos crentes, impede que coisas ruins aconteçam com gente boa. Mas isso acontece? Comigo não e olha que sou crente! Se essa for a perspectiva em Deus, então, Ele não está no controle.

Creio em Deus de todo meu coração. Ele é o criador de todas as coisas que sustenta o universo com as suas próprias mãos. Creio em Deus como o único e soberano Deus que tem em suas mãos todas e infinitas possibilidades que pode e intervém no universo na vida dos seres humanos, no cosmo, na natureza e em toda e qualquer coisa que quiser, a ora que quiser e do jeito que quiser.

Não creio num deus que fez tanto os seres humanos quanto a natureza criados como fantoches ou marionetes. Creio no Deus soberano que entregou a terra aos filhos dos homens e os responsabiliza pelos acontecimentos, que estabeleceu a lei que toda colheita é dependente diretamente das sementes plantadas.

Creio no Deus cheio de amor e compaixão que pela sua misericórdia intervém na vida dos homens e na terra no momento da sua vontade exatamente porque é soberano. Creio no Deus que não é manipulado por ninguém, que não se sente culpado pelo que aqui acontece, que não se deixa constranger por declarações, decretos ou argumentos humanos. Creio no Deus que por ser soberano sabe tudo sobre nós e nos ama do jeito que somos e estamos e que seu amor não muda ainda que soframos.

Sim, Deus é soberano do mesmo jeito que foi ontem, é hoje e será sempre. Exatamente por sua soberania um dia virá e assumirá o controle definitivo de tudo e de todas. Nesse dia, ele porá a terra e a natureza em ordem, assim como enxugará de nossos olhos toda lágrima e não haverá mais doenças, enfermidades, maldições ou qualquer outra coisa que não diga respeito a sua santidade.

Deus é soberano. É preciso orar à moda antiga e abandonar os nossos neologismos religiosos do tipo: eu declaro, eu decreto, eu determino. Orar à moda antiga é dizer se for da tua vontade eu farei isso ou aquilo, se for da tua vontade passa de mim essa tribulação. Porque Ele é soberano é tempo de voltar a dizer: “venha o teu reino e seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu”.



São Luis, 25 de maio de 2011.


Tomaz de Aquino

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não Matarás




Segunda-feira dia 02 de maio/110 o mundo amanheceu com a noticia da execução de Osama Bin Laden o terrorista mais procurado do mundo e inimigo numero um dos Estados Unidos da América. Ele era procurado por muitos atos terroristas, mas principalmente pelo 11 de setembro, quando as torres gêmeas foram derrubadas por dois aviões e mais de três mil pessoas morreram.

É verdade que muitas pessoas e nações se alegraram com esse fato, sendo os mais eufóricos os americanos que fizeram celebrações nas ruas de várias cidades.

Mas vale perguntar: O que vai mudar? Não surgirão outros Bin Laden, outros terroristas?  Não surgirão outros para provocarem os mesmos crimes ou ainda piores? Na verdade já deve haver um substituto a altura do eliminado e que poderá causar dores e tragédias tão grandes ou ainda maiores.

Gostaria muito de afirmar que nunca mais surgirão novos terroristas, que os direitos humanos não serão violados, que nunca mais outros inocentes serão assassinados, nunca mais jovens morrerão nas guerras insanas motivadas por orgulho, vaidade, avareza, desejo de poder e controle. Gostaria de afirmar que nunca mais crianças serão abandonadas nas ruas, no lixo, nas calçadas e que nunca mais os seres humanos terão os seus diretos, de viver uma vida com dignidade, cerceados pelos poderes instituídos.

No entanto o que mais me preocupa é o direito recebido, não sei de quem, para um homem matar outro homem. Esta insana execução me faz perguntar: “Tem o homem autoridade de matar outro, por pecados, erros, violações de direitos que ele mesmo pode cometer?”. Será que os Estados Unidos fez foi justiça ou mera vingança?

Não quero ser tomado como um louco ou alguém que era seguidor de Bin Laden. Longe de mim! Mas usando esse “exemplo para o mundo” quero pensar sobre o que Deus diria sobre tal execução?

Deus disse e dia ainda, não matarás!
Por quê? Não será por ser algo abominável atentar contra a vida de um outro ser humano? Caím foi o primeiro assassino. Ele não tinha os mesmos motivos de Osama ou mesmo dos Estados Unidos, mas matou seu irmão, aliás, o único irmão. No entanto o próprio Deus não autorizou a execução de Caím, mas de alguma forma o protegeu colocando uma marca para que não fosse ferido de morte.

Estaria Deus sendo conivente com erro de Caím?
De forma nenhuma! Caím já estava condenado. Uma culpa o consumia a ponto de afirmar que já não podia suportar. Viveria como um fugitivo na terra, alem de ser vitima de si mesmo pela sua própria auto-condenação que o levava a se esconder da presença de Deus.
Já não era condenação suficiente? Deus não autorizou a pena de morte para Caím, mas disse: “Assim qualquer que matar Caím será vingado sete vezes mais”.

Estas palavras me fazem sentir um arrepio, pois é possível que hoje mesmo Deus tenha dito aquelas mesmas palavras contra aqueles que mataram Bin Laden. Não a seus executores propriamente ditos, mas aos que impuseram e exigiram tal ação. Deus nunca violará seus mandamentos, Ele nunca apoiará os assassinatos, pois será um “sujo matando um mal lavado”. Ele continua dizendo ainda hoje: “Não matarás”.

A execução de Bin Laden foi o veredicto do tribunal dos homens.
Como seria Bin Laden sendo levado a Jesus Cristo aqui na terra? Vamos imaginar essa cena. Seus acusadores diriam: “Este homem foi apanhado violando direitos humanos, matando seus compatriotas por não concordarem com sua maneira de governar. Encontramos provas incontestáveis de que ele matou mais de três mil pessoas inocentes de uma só vez e a nossa nação exige que seja morto. O que tu dizes sobre este caso?”.
Jesus se levantaria da sua cadeira e diria: “Eu concordo que a lei seja respeitada e este homem morto pelos seus crimes. Mas quero, no entanto, que os executores sejam pessoas que nunca violaram nenhum direito humano, nunca provocaram nenhuma morte de espécie nenhuma. Que nunca promoveram a injustiça em seus governos, nunca enviaram seus soldados para morrerem em guerras injustas e com fins escusos. Quando encontrarem tais homens os reúna e os faça cumprir tal sentença de morte”. Todos ali sairiam de fininho, e olha que estariam ali grandes figuras, presidentes, ministros, chefes de estados, religiosos, lideres de grandes religiões. As televisões do mundo os mostrariam saindo de “rabo entre as pernas”.

Jesus em seguida falaria a Bin Laden: “Onde estão seus acusadores?”. Ele responderia: “Foram todos embora? Então Jesus diria: Vá, mas nunca mais mate outro ser humano, nunca mais viole os direitos humanos, nunca promova o terrorismo, pois o tribunal que enfrentarás é justo. Enfrentarás o justo juiz e dele não escaparás”.

Osama Bin Laden foi assassinado!
Os que o condenaram como um assassino agora se tornaram como ele, ou seja, já temos novos “Bin Ladens entre nós”.
Tal execução não foi e nem será uma grande vitoria contra o terrorismo, mas contribuirá para que o ódio, a vingança sejam alimentados e mais “Osamas” surjam promovendo maiores atrocidades das que já foram praticadas pelo primeiro.

Deus não mudou e ainda afirma: Não matarás!
A minha, a sua atitude como discípulos de Jesus para com os executores de Bin Laden deve ser a mesma de Jesus – “Perdoa-lhes Pai, eles não sabem o que fazem!”.


Tomaz de Aquino

São Luis, 04/maio/2011


terça-feira, 3 de maio de 2011

A unidade no Reino de Deus


(Jo.17;1-25)

Este é um dos momentos mais cruciais da vida de Jesus Cristo. Logo seria preso e entregue as autoridades romanas para que fosse crucificado. Mesmo na maior angústia da sua alma, Jesus teve forças para uma conversa com o Pai sobre sua tarefa na terra e sobre seus discípulos que ficariam para dar continuidade na edificação do Reino de Deus.

O ponto alto desta conversa é o alvo desejado por Jesus para seus discípulos: “para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti” – A Unidade.  Esta tão alardeada unidade que não aprendemos ainda a desenvolver se tornou uma utopia evangélica.

Por que não a temos?
Primeiro porque nós mesmos configuramos o tipo de unidade que devemos desenvolver: Uma só igreja, um só rebanho em um só lugar. Uma mesma visão. Sim! Esta visão é utópica. Com tanto narcisismo entre nós quem abriria mão do seu posto, da sua visão ou mesmo dos seus sonhos?
Segundo porque não descobrimos que a unidade desejada por Jesus está feita, basta desenvolver os elementos que o próprio Jesus nos legou para sermos um.

A verdade bíblica é que já somos um. Jesus fez tudo para essa unidade. Sua oração já foi ouvida. Não a unidade do espaço físico, do mesmo nome na placa, da mesma crença teológica. Não! Creio que isso nunca teremos. É fundamental, portanto deixar claro o que é que nos faz se já o somos.

O que nos faz um?

Temos a mesma revelação, o nome de Jesus (v,6).
O nome que está acima de todo nome e que todo joelho se dobrará no céu e na terra.
O único nome pelo qual importa que sejamos salvos.
O nome diante de quem obedecem as enfermidades e os demônios.
Jesus, o Cristo de Deus, o filho do Deus vivo.
Nós somos um com todos aqueles que têm a marca de Jesus.

Temos a mesma palavra (v,8).
Não há várias palavras de Deus, mas uma só palavra. A sua palavra jamais passará.
Há muitas vozes humanas, mas há uma só voz de Deus. O problema é que criamos as nossas próprias palavras, nossas próprias crenças e interpretações. Em busca do sucesso, do reconhecimento humano buscamos novas revelações que satisfaçam nossos ouvintes (2 Tm 4:3,4).

Temos a mesma oração sobre nós (v,9-11, 20,21).
Quando Jesus orou foi tanto pelos seus discípulos daqueles dias quanto pelos que haveriam de crer depois. Você acha que há possibilidade da oração de Jesus não ter sido ouvida?
Termos a mesma oração significa que temos o mesmo intercessor, o mesmo advogado (1 Jo. 2;1)

Temos a mesma proteção (v,11)
Todos recebemos pela oração de Jesus a mesma proteção. Que proteção? A proteção do nome do Pai. Nossa proteção não é humana, mas divina. Não é um homem igual a nós que protege as nossas vidas, mas o próprio nome do Pai – aquele que é tudo em todos (Ef.3:14,15).
Se o Senhor não guardar quem nos guardará?
Se o Senhor é por mim quem será contra mim?

Temos a mesma missão (v,18).
Este é um grande privilégio. Fomos enviados por Jesus na mesma missão que o Pai o enviou.
Temos dois problemas: O Primeiro problema é que não estamos satisfeitos com essa missão e criamos a nossa. O segundo problema é por falta de entendimento sobre a missão ela virou um fardo pesado.
O que Jesus fez que nós podemos fazer? Jesus fez discípulos ensinando e vivendo o evangelho do reino de Deus.

Temos a mesma glória (v,22).
Penso que a igreja dos nossos dias não descobriu tal privilégio, ter de Jesus a glória que o Pai deu a Ele. Por isso corremos atrás de outras glórias – a glória de ser a maior denominação. A glória de ter o maior templo, a melhor metodologia, a maior igreja.
Que glória é essa que Jesus fala? (Jo.1:14). É a glória do Pai. Jesus nos deu a glória de Deus para que o mundo veja em nós, Deus.

Temos o mesmo amor (v,23).
Somos amados do Pai com o mesmo amor com que Ele amou Jesus. Esse amor não o livrou das dores, das ofensas, das mentiras, das provocações, das angústias e muito menos da cruz. Mas esse mesmo amor o trouxe de volta à vida ressuscitando-o dos mortos.

Já temos a unidade tão desejada. Nossa dificuldade é vivê-la. Nós criamos a nossa própria palavra, nossas próprias orações, nossas próprias proteções e coberturas humanas, nossa própria missão, nossa própria glória.

Somos um quando vivemos sob a mesma revelação, sob a mesma palavra, quando temos o mesmo intercessor, quando estamos debaixo da mesma proteção, quando desenvolvemos a mesma missão, quando expressamos a mesma glória e quando recebemos e oferecemos o mesmo amor com que Deus nos amou.

O desejo de Jesus é que sejamos um e Ele mesmo já nos deu tudo que precisamos para tal unidade. A unidade é Jesus em nós, Deus em Jesus, logo Deus em nós (v,22,23). A unidade é Jesus visto em nós, Deus visto em Jesus o que implica Deus visto em nós.

Aleluia!!!