domingo, 8 de março de 2009

O que é a verdade?

Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor.
Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus.


A bíblia é um livro um pouco difícil para as mulheres. Apedrejamentos, leis mais severas, muitas restrições. Até mesmo no Novo Testamento não vemos lá muito respeito pelas mulheres, elas continuam em segundo plano: precisam orar de cabeça coberta, perguntar as coisas para o marido em casa, ficar em silêncio durante as reuniões, ser submissa ao marido em tudo. Bem, tudo isso parece bem absurdo levando em consideração o nível dos maridos de hoje em dia.

Paulo ás vezes acerta, outras vezes erra feio. Erra quando diz que a mulher deve silenciar; Paulo também era um homem da antiguidade, cercado e forjado numa cultura sexista e misógina, onde a mulher ainda era artigo de segunda classe. Mas, acerta quando diz que, em Jesus, não mais homem e mulher, todos são um em Cristo.

É interessante que Jesus tem o poder de unificar as coisas perante Deus. Ele é o reconciliador por excelência: judeu e grego, “ em sua carne desfez a inimizade”, escravo e livre, homem e mulher. Jesus rompia e unificava. Rompeu com a Lei, mas unificou seu sentido. Rompeu com os padrões e costumes da cultura da época, mas integrou e reconciliou judeus e gentios; judeus e samaritanos. Nas parábolas de Jesus sempre havia um anti-herói, e a mais célebre, o bom samaritano. Jesus foi tomar água junto ao poço da samaritana, sempre rompendo com os costumes, mas unificando corações. Jesus, o filho de Deus, mas também filho do homem, nasceu de uma mulher. Foi Maria quem teve toda a ascensão nas escrituras. José, o homem, teve um papel super secundário; José ganha Oscar de ator coadjuvante, Maria leva o prêmio Nobel da paz.

As histórias mais lindas dos evangelhos são com mulheres: Maria, Isabel , a mulher pega em adultério, a samaritana, a mulher com fluxo de sangue, a mulher encurvada. A viúva pobre e sua moedinha, Maria Madalena, a filha de Jairo, as mulheres que o seguiam cuidavam Dele, as mulheres que ungiram seu corpo e anunciaram sua ressurreição enquanto os discípulos ( homens frouxos ) só sabiam se lamentar.
Jesus, segundo os Evangelhos foi realmente um unificador. Nunca pronunciou uma frase que colocasse as mulheres em patamar inferior aos homens. Jesus tratou as mulheres como mulheres devem ser tratadas. As mulheres sempre aparecem nos Evangelhos como um acontecimento de ruptura e ao mesmo tempo de causa. A mulher sempre causa alguma coisa, não só nos homens, mas na cultura em geral. A mulher propõe sempre uma pergunta, uma questão. Quando tudo está resolvido vem uma mulher e desestabiliza tudo com uma só questão. É o dom que elas tem de expandir, de ficar prenha, de dar vida, de gerar novos rumos.

Não esqueçamos do papel da mulher de Pilatos. Foi ela quem o advertiu que Jesus não era um homem comum, e, certamente, foi seu sonho que colocou a maior das perguntas na boca de Pilatos: “ o que é a verdade?”.

Hoje, no dia das mulheres, penso que cabe a nós cristãos colocarmos novamente esta pergunta: “ o que é a verdade?”. No oriente –médio as mulheres continuem sendo tratados como segundo sexo. São obrigadas a dar-se em casamento muito jovens, casamentos arranjados e , caso se recusem, são lapidadas, ou seja, apedrejadas. No Brasil, uma menina de 9 anos é estuprada pelo padrasto e a Igreja Católica excomunga não só a moça, mas toda a família e os médicos que realizaram o aborto. Na igreja evangélica, ainda , muitas mulheres continuam sendo meras “ irmãs” ou mulheres de pastores; ou simplesmente cuidam das crianças. O discurso que vige é ainda que as mulheres devem obediência as seus maridos .
Bem, minha questão neste dia é super simples, pensem por vocês mesmos: o que é a verdade?