terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Deus como Deus é

Sei que parece muita pretensão dizer como Deus é. Eu mesmo temo ao falar palavras tais como “Deus é assim”. No entanto creio ser necessário uma aproximação maior de quem seja Deus de verdade. Isto porque o que percebo a apresentação de um Deus que não evoluiu em sua revelação e que parece ser o mesmo que antes matava nações inteiras, mandava destruir homens, mulheres, crianças e até animais. O mesmo que preferiu uns e odiava outros, aquele que quando os homens não andava, segundo suas regras apontava seu arco e os destruía.

Era assim antes. Deus se manifestou a Abraão, Isac e Jacó como “O Todo Poderoso”. Para Moisés se apresentou como Javé ou Jeová, “aquele que existe”. Era o Deus que ninguém podia chegar perto. Deus que fazia o monte fumegar. Daí pra frente, conforme a necessidade da hora Deus ia se mostrando um pouco mais: Deus que cura – Deus que faz prosperar – Deus da justiça – Deus minha bandeira. Para os judeus Deus era deles e para eles, e especialmente contra os inimigos

Como subproduto dessa visão para os salmistas Deus amava uns e odiava outros ( Sl.31:17-19; Sl. 45:5); incitava o ódio e a violência contra os inimigos (Sl. 68:21,23); era um Deus vingativo (Sl. 7:11-13); era um Deus que odeia e castiga de forma cruel (Sl. 11:5-7; 12:3). Os salmistas também viam Deus como quem usa a relação de causa e efeito, ou seja, quem é justo prospera e quem não é tudo vai dá errado (Sl1:4). Como um Deus violento, que quebra o queixo dos inimigos (Sl.3:7). Como um Deus intolerante, que odeia seres humanos (5:4-6; 5:10). Por causa dessa visão limitada de Deus a oração dos salmistas quer a misericórdia para si e a punição para os outros. A oração deles é a favor de si mesmo, mas também contra os inimigos (Salmo 10: 4-6, 13-15). Esse era um Deus assustador!

Não foram só os salmistas que tinham uma visão equivocada de Deus. Foram profetas, reis e principalmente Jó. Este conhecia um Deus que fazia justiça conforme era a justiça humana melhorada. Um Deus que abençoava os bons e punia somente os maus (Jó 23:1-7). Mais quando todo seu conceito caiu diante da sua tragédia, quando lhe foram feitas perguntas sem respostas, pode ampliar a sua visão de Deus e dizer: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora os meus olhos de vêem”.

Isso mostra um Deus diferente do nosso? Não! Isso era somente um processo de revelação até que fosse conhecido como de fato é. O que os salmistas mostravam em seus salmos e orações era o máximo da revelação de Deus que tinham. Não era errado, era o que podia ver de Deus.

Ficar com a visão dos salmistas sobre Deus nos faz ver um Deus limitado.
Por causa desta visão atribuímos a Deus a catástrofe do Haiti; dizemos que o 11 de setembro nos Estados Unidos foi porque o americanos tiraram a oração das escolas. Essa concepção nos faz admitir que quem está sofrendo é castigo, e se está tudo bem Deus está abençoando.Os próprios discípulos de Jesus tinham esta mesma visão. Ao verem um homem cego perguntam: “quem pecou ele ou seus pais?”

Jesus é Deus como Deus é. Deus se mostrou progressivamente ao longo do tempo, mas em Jesus se mostrou totalmente como é. Jesus é a exata expressão de Deus.
Nós não podemos cometer os mesmos erros. Nós somos indesculpáveis. Tudo que podemos conhecer de Deus está em Jesus – “eu e o Pai somos um”. “Quem vê a mim vê o Pai”. A própria Bíblia só será interpretada corretamente a partir de Jesus. Ele é o centro “é a chave hermenêutica da Bíblia”, como diz o Pr. Caio Fábio.

Jesus é Deus sem nenhuma parcialidade. Ele não ama seu povo e odeia seus inimigos. Ele é amor para todos.

Deus é como Jesus é. Deus é amor. Seu reino é de paz, alegria e justiça. Deus te ama como tu és. Deus é bom. Ele veio trazer reconciliação, perdão. Veio trazer a sua graça para todos. Ele veio salvar e não condenar. Ele está de braços abertos para todos – “vinde a mim todos os que estão cansados”.

Jesus é Deus como Deus é. Até que conheçamos a Jesus como ele é não conheceremos a Deus como Deus é.

Tomaz de Aquino